Esse ano resolvi aproveitar bem minhas férias. Mas nunca elas me pareceram tão....férias.
Talvez seja em razão das nefastas lembranças do ano de cursinho, talvez seja em razão de eu não estar fazendo nada, absolutamente nada. Passo os dias em estado de hibernação, fazendo frequentes paradas na cozinha, procurando cereais em caixas vazias. Minhas noites são regadas a Trakinas de chocolate (convenhamos, a de morango é, no mínimo, abominável) e copos de leite. Já consigo sentir a pele da minha barriga trocar contatos quando sento.
O relógio é preciso, nunca falha. Acordo sempre na mesma metade do dia, degluto o primeiro aperitivo à vista na geladeira e parto para o sofá para assistir ao majestoso canal Globo News. É muita cretinice de minha parte assistir a um canal de notícias durante as férias, mas é a isso que venho me propondo.
Mas, vá lá, é ano de Olimpíadas, temos muitas matérias sobre a China. Muito se fala também sobre a inflação, sobre o caso de Ingrid Betancourt, sobre a Operação Satiagraha, entre outros. Mas o relógio é preciso, nunca falha. Tarde da noite venho acessar o Orkut, esperando qualquer scrap desavisado, que me trouxesse alguma coisa boa. Leio qualquer coisa e vou dormir, para na manhã - ou melhor, tarde- seguinte repetir a rotina homeresca.
Sei de todos os fatos expostos pelos jornais. Mas tenho a infelicidade de concluir que eles não significam absolutamente nada para mim. Parece que o ócio drena o meu senso crítico, me reduzindo à um monte de carne que se mexe. Se ao menos esse ócio fosse critivo! Planejava praticar esportes (embora seja uma negação em quase todos eles), ver filmes diferentes, concertos, comer comida tailandesa. Bobagem. A vida é feita de frustrações.
Mas as coisas parecem mudar de figura com a aproximação do fim do mês. Já consigo sair de casa, rever amigos, me sentir vivo de novo. As futuras matérias da faculdade já acenam para mim. Volto a assistir aos seriados de comédias cotidianas, aos filmes diferentes...
Os preceitos calvinistas tomaram conta de mim. Estou apegado à produção, repudiando o ócio, apesar de desejá-lo avidamente. O durante é prazeroso, mas o depois é frustrante (perdoem a colocação ambígua. Aproveito também para dizer que a frase é válida, para a minha pessoa, somente no caso do ócio e não no outro processo implícito).
Seria a rotina a raiz da frustração ? Fato é que algumas rotinas são melhores que outras.
Bom final de férias. Lembrem-se que elas estão acabando, evitem o ócio por muito tempo.