Há coisas na vida que simplesmente não esperamos que aconteçam. E as reações a esses acontecimentos podem ser as mais diversas, desde "Fudeu...", até "Nossa, que interessante".
Posso citar alguns exemplos interessantes que vivi, ainda que sejam um tanto constrangedores.
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Quando criança, num passado impreciso, dei de cara com um vidro. Uma cena digna de replay em câmera lenta, com aquela voz grave gorda distorcida e um close na minha testa no exato momento da colisão.
Mas me defendo: o vidro estava PERFEITAMENTE limpo. Não havia um traço sequer de poeira! Depois da recuperação o porteiro, se segurando para não rir, me mostrou a maçaneta. E pior que era escura...
Pois é, não esperava que fosse acontecer.
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Devido a obrigações centro-acadêmicas, fui à loja da Perdigão com um amigo meu. Tudo normal, estacionamos o carro e entramos na loja de porta automática.
Chegando no balcão:
- Amigo, por favor, vê um pacote e meio de presunto?
- Quê?
- Quanto vem em cada um? 3,4 kg né?
- É, por aí...(o atendente parece atônito, como se não tivesse processado o que lhe fora dito)
- Então me vê 5,1 kg de presunto e de mussarela.
- ...
Pôs-se a trabalhar, após alguns segundos de reflexão. Pobre do fatiador, já era fim de tarde e aquele pedido lhe pegou de surpresa.
Enquanto isso, eu e meu amigo ficamos no aguardo, por uns vinte e poucos minutos. Sob recomendações, compramos um lanche de mortadela que era oferecido no local. Muito bom, veio no pão australiano, era macio e estava bem recheado. Depois nos ocupamos com algo pra beber, fui de iogurte, ele de achocolatado. Nisso o fatiador terminava de fatiar o presunto.
Sem ter o que fazer, andávamos pela loja como quem parecia planejar um assalto. Olhávamos desisteressadamente os produtos nos congeladores, fazendo comentários inúteis. De tempos em tempos eu checava a situação da mussarela. Parecia sempre estar na metade...
(...)
Finalmente o serviço terminara. Meio atrapalhados com a questão da logística, eu e meu amigo levamos a incomum quantidade de embutidos ao caixa. O monitor mostrava um número que eu relutava em acreditar. Compramos, naquela tarde, cerca de R$ 130,00 em frios.
Cheguei a sair orgulhoso da loja, exibindo as pesadas sacolas, cheias de queijo e presunto.
É absolutamente idiota, mas não esperava que fosse pagar presunto com cartão de crédito.
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Com certeza o leitor já deve ter passado por essa situação: ir com extrema pressa ao banheiro.
Era final de tarde, e eu tinha bebido 2 caldos de cana e um copo de 700 ml de chá com limão do Rei do Mate. Minha bexiga acumulava então mais de 1 litro de líquidos. Cheguei a casa de um amigo, onde, de pronto, corri para o lavabo. Lembro-me de ter me atrapalhado com o cinto e com a mochila nas costas. Eis que acontece a cagada: a chave de casa cai no vaso.
Que situação meu Deus....Que situação...
"Ahn.....eh....hum....fudeu...".
Fiquei ali, parado, pronto pra fazer o serviço, a pensar no que faria. A vontade até passou. Como o amigo era de longa data, lhe expliquei a situação. Enquanto me xingava, provindenciou um cano para retirar a chave. Após ser fervida, voltou para meu bolso. A bexiga voltara a dar sinais de que existia. Fui ao lavabo e fiz o que tinha de fazer, tomando o devido cuidado com a chave.
Pois é, não esperava mesmo que fosse acontecer.
Gosto daquela frase em inglês. "Shit happens".
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Não me arrependo, essas situações dão histórias muito boas. Só não gostei do lance do vidro. Agora, sempre que entro num banco, por exemplo, coloco a mão e, só após ter certeza de que não há vidro na frente, avanço.
Fica a dica ao leitor: cuidado com os bolsos quando for usar o banheiro.
ps. aliás, essa foto é muito boa. Se acontecesse comigo ia entrar pra esse post.