quarta-feira, 23 de setembro de 2009

"Você é linda"

Hoje é dia 23.
E quem fala por mim é Caetano.




Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás


Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim


Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer


Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim


Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal


Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz



Você é linda.
Simples assim.

sábado, 12 de setembro de 2009

Pra quê?

Estive pensando em como fico abatido por pouco. Não se trata de uma questão da simples dicotomia entre alegria e tristeza, mas sim de um abatimento mais amplo, extra-pessoal.
Percebo isso em outras pessoas também. Algo como uma perda momentânea da vontade de viver.
Muitas vezes decorrente de causas tolas, poucas vezes de causas realmente relevantes.

A reflexão veio do que conversava com minha mãe dias atrás. Tomando o costumeiro café da tarde- que na ocasião acompanhou uma farta oferta de bolo de fubá- acabamos, em meio a comentários acerca da chuva torrencial da terça-feira última, estacionando no assunto citado no parágrafo anterior.
Ela me contava como havia ficado uma amiga sua após a morte de seu marido. Companheiros de longos anos, eram conhecidos de minha mãe da escola em que lecionavam. Após breve discurso das frustrações que envolvem a rotina de um professor, minha mãe me descrevia como estava sua amiga dias após o falecimento. Sendo o ofício do magistério o que é hoje, não é de se surpreender que as palavras da amiga de minha mãe tenham sido as seguintes.
"Pra quê? Pra quê, meu Deus? Passei tantos anos tentando mudar alguma coisa na cabeça daquelas crianças, enquanto podia ter dado mais atenção pro meu marido! Podia ter vivido mais ao lado dele!"

Buscar as razões para o que fazemos constituí, em geral, mais angústia do que alívio. À parte aqueles que parecem já ter nascido com seus objetivos de vida programados na cabeça, a grande maioria de nós sabe pouco ou muito pouco o por quê de estar nesse mundo e o por quê de fazer o que faz.
Nesse meio tempo de vida que tenho, me agarro firmemente às coisas que considero importantes. Um título, posses materiais, posses emocionais, certezas, dúvidas. Por não saber direito qual é o meu lugar aqui, faço das coisas à minha volta o meu lugar e, aos poucos, vou firmando as bases daquilo que chamo de normalidade. Vou me adequando para seguir o protocolo (in)determinado por fatores quaisquer.
"Pra quê? Pra quê, meu Deus?" parece sintetizar os momentos de abatimento, quando se olha pra trás e o que se vê são cinzas e poeira.
De fato, parece natural dizer que devo buscar mais momentos, mais faíscas no espaço, que representam coisas de maior importância, pra quando olhar pra trás, puder dizer "Valeu a pena!" e não "Pra quê?".
Há um outro lado que me diz para desconsiderar quaisquer razões, por que elas nunca serão encontradas. O que se deve fazer é apenas viver, buscando aquilo que naturalmente se quer buscar, sem nisso se apegar.

Ao pensar dessa forma, me isolo do mundo, subjugando todas as coisas à minha condição. É a expressão initerrupta da força do meu ego. Me coloco externamente às outras coisas, buscando nelas as razões para o meu descontentamento. Sempre achei muito falho, mas nunca consegui me livrar disso. E daí nasce a oscilação entre o alto e o baixo, onde tem sido difícil encontrar o equilíbrio.