domingo, 8 de fevereiro de 2009

Impressões de uma tarde no mercado

Saí hoje de casa, acompanhado de meu pai, com dois objetivos: comprar 24 litros de leite integral e trocar o óleo do carro, cujo motor já vinha dando sinais de fatiga.
Era 17h12 e fazia Sol.

Pois bem. Um típico dia de cão.

Optamos pelo Carrefour, pela proximidade e pelo serviço da troca de óleo a baixo custo.
Não sei que diabos ocorreu, mas o supermercado estava absolutamente lotado. Amontoados de gente se espremiam pelos corredores, à procura das ofertas e das melhores batatas. O trânsito de carrinhos era frenético, totalmente caótico, aos moldes do futurismo italiano. Vozes ecoavam pela construção, enquanto mães, aos berros, clamavam pelos seus filhos, a correr por entre a multidão.

Ao encontrar a seção de leites, notamos uma aglomeração incomum. De pronto, meu pai disse do que se tratava, com ar de sabedoria. "Estão fazendo promoção...". Na mosca. O litro do Marajoara saía por R$ 1,09, consideravelmente abaixo das outras marcas. Aqui pude testemunhar a selvageria consumista que assola a sociedade moderna. Era, literalmente, cada um por si, num habitat onde prevalecia a lei do mais forte.
Caixas de leite eram arrancadas dos pacotes e separadas das companheiras de transporte, fortemente violentadas pelos consumidores vorazes. Uma pobre de uma senhora escorregou enquanto tentava garantir seu leitinho. Ninguém ofereceu ajuda pra levantá-la, todos se ocupavam de conferir a validade do produto.
Sobrava pouco para os mais idosos, algumas caixas amassadas e alguns pacotes danificados.
"Que coisa horrível, meu Deus!", exclamou uma senhora que passava pelo front. Olhei pro meu pai e, juntos, concordamos silenciosamente com a indignação da senhora.

Garantido o leite, fomos para o caixa. Escolhemos o reservado àqueles com trinta volumes ou menos (a propósito, a fila desse caixa passa, necessariamente, por uma enorme variedade de inutilidades, desde apontadores a salgadinhos para petiscar no caminho).
Outra epopéia. Aqui confirmei minha tese sobre a desorganização de pessoas num espaço onde cada um só tem controle sobre si mesmo. Em resumo, a fila era...estranha. Fazia umas curvas desnecessárias, cuja única utilidade era dar margem àqueles que se recusam a ir pro final da fila.
Era uma zona, todos reclamavam e praguejavam por estar alí. Como pareciam infelizes.

Abro um parênteses às impressões. Uma menina colocava a boneca da Branca de Neve no carrinho e seu pai a retirava. Ficaram nisso por uns cinco minutos, até o pai se cansar e tomar medidas mais enérgicas. Uma senhora dormia na fila, apoiada nos pulsos. Uma outra contava quantos itens tinha no carrinho, parecia estar preocupada com a possibilidade de exceder trinta volumes. Um rapaz conversava com sua mulher sobre Freud. Um outro fulano colocava um Halls no bolso da jaqueta, confiante de que ninguém o tivesse visto. Me omiti, sempre tive vontade de fazer o mesmo. Uma garota cutucava as narinas e alojava os detritos nas costas da mãe, que parecia intrigada com a capa de uma revista de moda. E uma última senhora devorava um donut de doce de leite que comprara na loja, parecia estar realmente faminta.

Fecho parênteses, chegou minha vez de ir pro caixa. "CPF na nota?". "Não, obrigado.". Estranhei a atitude do meu pai, assumi que era mesmo o cansaço. Finalizamos a conta e fomos embora. Na metade do caminho para a saída, começa a chover. Porra...que chuva forte. Muito forte. Muito...
Fazer o que, só nos restava esperar. Quatro moças vieram nos oferecer o cartão Carrefour, as quais dispensamos sem delongas. Ficamos ali, sentados, por vinte minutos.
Amenizada a chuva, fomos ao carro. Só que no caminho o carrinho virou...as pobres caixas de Marajoara, já violentadas pelos consumidores vorazes, ficaram ainda mais amassadas e molhadas. Que caos, meu Deus. Tive de voltar ao mercado e providenciar sacolas plásticas.

Ainda bem que na troca de óleo demoramos só meia hora, tudo correu bem. Finalmente consegui sair daquela merda do Carrefour.
Cheguei em casa e preparei um delicioso café. Torrei algumas fatias de pão italiano e aproveitei o resto da manteiga. Ah...que delícia. Pelo menos a noite começou de forma agradável.

Supermercados podem propiciar momentos realmente desagradáveis, fazer seu dia parecer completamente inútil e ainda esvaziar seus bolsos. Me veio à cabeça o slogan do Pão de Açucar. "Pão de Açucar: lugar de gente feliz!". Pelo amor de Deus...
Desculpem os palavrões, mas já adianto que fui econômico, era pra ter falado muitos mais.

8 comentários:

Anônimo disse...

I like your blog. I understand most of it.

Unknown disse...

hahaha. É neguim, isso q dá morar e fzer compras em oz, huahuahua

agora só n digo q fquei decepcionado pq sei q isso pertence a nossa cor, mas vc já teve vontade de subtrair um halls. ntsi ntsi, hehehe

mto bom seu blog maninho, continua assim

absss

Érica disse...

É.. vivemos em uma selva dita como civilizada! E isso comparado a que?! vai entender!!

bjoss
[sabia q vc ia acabar lendo! tanto que estou as 04:48 na net, só pq tive a leve impressão que você estaria por lá! hehehe - te conto o segredinho... uma pitada de sonho, vontade, e mta mta mentira!]

Anônimo disse...

a-do-rei o texto!
.......
eu sempre impliquei com o slogan do pão de açúcar. acho que deveria mudar para "lugar de gente rica", tão caros os produtos.

bjs!

Inaudita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

supermercado é o óóóó do borogodó !
é o fiiiim da picada (náo concordo muito com esse ditado aqui não, mas enfim).
e o pior é que morro de dó de deixar minha mae fazer mercado sozinha, sempre vou com ela.



quando morar sozinha farei mercado de madrugada, certeza.
por um momento, ao ler o post, me lembrei de o cortiço, vc já leu?
é muito bom...

beijo, gab
=*

Anônimo disse...

AAAAAAAAAAAAAH lembrei !

assim que eu vii o tema do post me veio a cabecauma comunidade do orkut, só que depois me esqueci de colocar aqui.

é muito idiota... lá vai
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11601499


hahahahahahahaha

beijo =*

Anônimo disse...

vc cpodia fazer um post "impressoes de uma tarde de churrasco sem carne na fea usp" hahahahahahahaha


ia ficar graaaaaaaaaaaaaaande, principalmente se vc ficar no churras sobrio. pq se nao, nao vai lembrar de nada.

=***