Muito tempo se passou. 13 de junho ficou para trás, assim como o costume e a facilidade que tinha para escrever textos e publicá-los aqui, neste blog. O que me motivava a escrever certamente não me motiva hoje, apesar de não conseguir descrever com êxito a natureza daquela motivação.
Tenho para mim que atingia antes um certo número regular de leitores. Em certo sentido escrevia para eles, sobre coisas que consolidei e rotulei como "qualquer coisa", tal como consta no subtítulo desta página.
Entretanto, (creio que) em função de um longo período sem acesso à internet, sinto em mim algum desapego por hábitos que mantinha num tempo passado, não muito distante do atual em termos cronológicos, mas distante, sim, e substancialmente, em termos psicológicos.
Essa distinção se torna visível quando leio o que escrevi no passado. É possível diferenciar as fases e, inclusive, a forma como escrevia, escancarada pelo emprego de determinadas preposições e expressões, ao longo da existência do blog. Em termos de conteúdo a variação também foi significativa: ora escrevia crônicas com impressões pitorescas de situações cotidianas, ora digredia acerca de características pessoais minhas que julgava passíveis de descrição e análise. Raramente falei de política ou de economia, área a mim bastante particular. Na falta de assunto, justificava escrevendo as razões por trás da falta de assunto. E assim, de forma meio capenga, meio patética, mantive até cessar a escrita.
Tendo esse pensamento em vista, não deixo de surpreender-me com o fato do número de seguidores ter aumentado apesar da visível inatividade, evidente nos arquivos. Poderia atribuir o incremento numérico a questões de prestígio que certamente existem na rede, tais como ser seguidor de uma quantidade expressiva de blogs. Mas não.
Pode ser que esteja enganado e agindo ingenuamente, mas prefiro acreditar que a qualidade do que está aqui escrito seja o fator determinante. Ponho-me assim diante de uma dúvida, adoçada com certa dose de desafio: vale a pena voltar a praticar o exercício da escrita, nem que se trate de "uma tentativa frustrada de escrever sobre qualquer coisa"?
Sinto que se aceitar a proposta, o blog sofrerá mudanças, relativas a coisas com as quais já não me identifico mais. No limite, servirá como um exercício de composição de sentido através do léxico, onde o que se escreverá ser sempre acerca de algo. Vago e disperso como o próprio título indica.
Um comentário:
“– Meu Deus, meu Deus, como está tudo esquisito hoje! E ainda ontem as coisas estavam tão normais... Será que mudei durante a noite? Deixe-me ver: será que eu era a mesma quando acordei hoje de manhã? Quase consigo me lembrar de ter me sentido um pouco diferente... Mas, se não sou a mesma, a questão seguinte é: Quem sou eu neste mundo? Ahá! Eis um grande mistério!”
- disse Alice a Lagarta
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