domingo, 23 de novembro de 2008

Incômodo a reconhecer

Disseram-me que meus últimos textos têm soado tristes. Não sei por quê, não há razão. De fato, lendo-os novamente sou forçado a concordar. Pensando agora nisso...é claramente mais difícil escrever textos alegres, principalmente sem fazer com pareçam textos de auto-ajuda (exceção feita às comédias, que muitas vezes falam tristezas e nos fazem ficar alegres. Ah...as comédias).
Falar sobre a alegria e sobre a felicidade, sobre como as coisas estão dando certo, soa incrivelmente forçado, às vezes infantil. "Você está fechando os olhos para os problemas!", "a vida não é cor de rosa!". E reconhecer que as coisas vão bem é difícil. Muitas vezes só reconheço que iam bem quando agora vão mal.
Por que será que só reparamos nos erros e consideramos os acertos como naturais ?



Acho que o ponto central se dá em torno das expectativas. Essas são traiçoeiras, povoam minha mente aos montes e me impedem de dormir antes da meia-noite. Assumo que grande parte das minhas expectativas nascem das minhas vontades, sejam elas físicas, psicológicas, químicas, econômicas, sociais, blá blá blá.
As vontades geram expectativas que geram projeções. Se o projetado não ocorrer como tal, vem a decepção, e como ela os textos estranhos.
Agora quando o projetado ocorre como tal passa despercebido. A expectativa, atendida, se esvai com o ato em si. Resta um confortante alívio, que dura o quê...alguns minutos ?
Se a expectativa é negativa, a ponto de se tornar medo, não faço o que tenho vontade. Mas a vontade permanece, me atormenta.

Mas isso é o que faz a vida de um homem ser tão...humana. Uma constante turbulência de expectativas, vontades, projeções, emoções, dúvidas. O problema é que restringimos a maioria dessas sensações, trancamos nossas vontades todos os dias, por medo dos resultados. E são elas que fazem que me sinta bem ou não, à vontade ou inibido. São elas que me realizam como pessoa, como homem.
Portanto, faça aquilo que tem vontade, na medida do possível.
(Não consegui escapar da mensagem de um auto-ajuda cretino, talvez tenha que repensar meus conceitos acerca desse gênero).

Tentarei ser mais solidário comigo mesmo, lembrar do que tem acontecido de bom, reconhecer aquilo que já foi alcançado. Só não prometo escrever...aí já é pedir demais.

2 comentários:

Hiromiiii^^ disse...

Verdade... não é estranho escrever colorido?
Acho que tentamos sempre escrever o que não conseguimos ou que não queremos falar. Já que parecemos tão felizes... e conseguimos transmitir tão bem essa felicidade em ações...

Vou encarar o desafio também e escrever sobre!!

Bjãoo

Érica disse...

Acho que falar sobre o que nos atormenta nos alivia mais porque repartimos a dor. As lembranças que nos fazem deixar com sorriso bobo na cara, a gente sempre deixa em segredo!
repare...

bjoss