Natal é um troço......esquisito. Aliás, quase todas as datas comemorativas o são.
É, antes de mais nada, uma data religiosa, celebração do nascimento de Jesus Cristo, tal como aprendemos na escola.
O curioso se dá na forma que essa celebração toma. Reduz-se, aos sem espírito natalino-cristão, como eu, basicamente a dois elementos: comida e presentes. Cabe uma descrição. Tentarei ser o mais breve e o mais chato possível.
A mesa é sempre farta, os pratos não são mais os transparentes da Duralex, agora é tempo de porcelana. Os copos, dizem, são de cristal. Para beber, champagne (está certo, espumante...a quem quero enganar...) e sucos diversos (nem tanto). Para comer, peru peitudo, arroz com passas, maionese, panettones, frutas secas e outras miudezas.
Inicia-se a ceia por volta das onze horas. Ninguém mais tem paciência de fingir assistir aos especiais de Natal da Globo. Ainda bem, visto que o desse ano ficou a cargo da Xuxa. Ainda bem.
Quando se aproxima da meia-noite, todos ficam eufóricos. A virada do dia é regada a abraços e desejos de Natais felizes. O próximo em cena é o espumante e sua rolha que sempre atrasa o saudável andamento da cerimônia. Feito o brinde, é hora de apreciar a salva de fogos de artifício.
Parênteses. Pra que diabos fogos de artifício no Natal ?!
Fica-se ali, observando a repetividade visual e auditiva. Nos primeiros 30 segundos é uma maravilha, muito além disso já incomoda.
Passada a primeira parte, vêm os presentes. Essa parte é até bastante cômica, com situações que se repetem todo ano. Sempre há alguém que nunca dá presente, só recebe; sempre alguém sai de mãos vazias, fazendo comentários azedos acerca dos presentes dos outros; alguma criança sempre quebra o boneco que acabara de ganhar. Há tantas outras...Fato é que, nessa hora, é possível avaliar como andam os laços afetivo-financeiros em sua família.
Me foi dito que se dá presentes no Natal em virtude de algo que envolvia os Três Reis Magos, não me recordo direito.
Finda a entrega dos presentes, os presentes conversam por mais algum tempo, enquanto termina o especial de Natal da Globo. Alguns já foram embora. Chega ao fim mais uma ceia natalina.
Deixo claro que não sou ateu, anticristo ou congêneres. A infantil reflexão, irônica até certo ponto, se dá, única e exclusivamente, na forma da ceia de Natal. Seu sentido religioso é, apesar de tudo, bastante positivo. Faz com que emerjam sentimentos há muito negligenciados pela comunidade como um todo. É comum ver papais-nóeis entregando balas pelas ruas, instituições das mais diversas naturezas organizando campanhas solidárias. Até o simples ato de comprar pão na padaria e desejar feliz natal ao caixa é digno de destaque. Por um breve momento, ele não é simplesmente o caixa, é uma pessoa.
Mesmo que seja de uma forma um tanto mecânica e (bastante) superficial, o Natal muda nosso comportamento com relação à comunidade. Em tempos como os nossos, isso já é grande.
Há, claro, todo um lado mercadológico que envolve a própria existência do Natal tal como ele é. Mas esse post já está muito grande. Fica pra outra hora.
Por ora, é só. Desconsiderem o título, já é dia 29. Desta vez, confesso, estou sem criatividade para criar títulos
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Agir é ser ?
Roubarei o título do texto de uma pessoa por quem nutro especial carinho. Não porque esteja sem criatividade para criar títulos, mas porque esse em particular me intrigou, assim como o próprio texto.
Agir é ser ?
Quantas vezes já não me fiz essa pergunta...E quantas vezes já mudei a resposta.
Eu poderia recorrer ao nanocubículo que é meu entendimento da sociologia e dizer que há uma fossa faraônica entre o agir e o ser do indivíduo. Não somos mais, apenas agimos. Não há mais o que ser, o agir substituiu o ser, tornando-nos apenas engrenagens de um sistema maior, auto-destrutivo em potencial, mas que se refaz a todo instante.
Mas seria forçar demais a barra pro meu lado, não tenho pretensões de soar sociólogo.
Creio que já falei isso em outros posts (talvez em vários deles, indiretamente): o quanto do que faço é, de fato, para mim mesmo ? Quão parte de minhas próprias ações me sinto ? Ou seja, até que ponto meu agir corresponde ao meu ser ?
Coisas simples do dia-a-dia ora entram nesse dilema, ora não. As obrigações diárias quase sempre são questionadas. Aquilo que damos por certo e correto na vida e aquilo que definimos como o melhor para o futuro nos confundem tanto que se perder é, digamos, natural.
Buscar as razões do agir, quando este não é o ser, é completamente frustrante. Simplesmente não encontramos essas razões. E a sensação que fica é de que somos infantis, mesquinhos e imaturos para lidar com questões de caráter prático. Ouço por aí que eu estou na maior faculdade do Brasil, que meu futuro é brilhante. Dizem que muitos queriam estar onde eu estou, que sou privilegiado...blá blá blá.
Mas tem horas que simplesmente nada faz sentido. É inevitável.
Há um vácuo enorme entre o agir e o ser tal como os defino. Talvez porque somos bombardeados todos os dias com direções de um agir tido como ideal. "Faça isso e será magro!", "faça aquilo e será feliz!", "faça aquiloutro e será bem-sucedido!". E o ser se perde cada vez mais, em meio a um agir confuso e predefinido por tudo e por todos, até por nós mesmos.
Buscamos incessantemente a felicidade e o prazer, através de ações que acreditamos corresponder ao que somos. Mas muitas vezes ignoramos os sentimentos mais primitivos, como aqueles que fazem um olhar ou uma simples risada fazer valer um dia inteiro. Nada mais seria necessário, a não ser deitar e esperar o Sol aparecer de novo. E de novo. E de novo...
Talvez aquela frase, já um tanto passada, faça algum sentido pra alguém.
"Seja você mesmo !"...
Agir é ser ?
Quantas vezes já não me fiz essa pergunta...E quantas vezes já mudei a resposta.
Eu poderia recorrer ao nanocubículo que é meu entendimento da sociologia e dizer que há uma fossa faraônica entre o agir e o ser do indivíduo. Não somos mais, apenas agimos. Não há mais o que ser, o agir substituiu o ser, tornando-nos apenas engrenagens de um sistema maior, auto-destrutivo em potencial, mas que se refaz a todo instante.
Mas seria forçar demais a barra pro meu lado, não tenho pretensões de soar sociólogo.
Creio que já falei isso em outros posts (talvez em vários deles, indiretamente): o quanto do que faço é, de fato, para mim mesmo ? Quão parte de minhas próprias ações me sinto ? Ou seja, até que ponto meu agir corresponde ao meu ser ?
Coisas simples do dia-a-dia ora entram nesse dilema, ora não. As obrigações diárias quase sempre são questionadas. Aquilo que damos por certo e correto na vida e aquilo que definimos como o melhor para o futuro nos confundem tanto que se perder é, digamos, natural.
Buscar as razões do agir, quando este não é o ser, é completamente frustrante. Simplesmente não encontramos essas razões. E a sensação que fica é de que somos infantis, mesquinhos e imaturos para lidar com questões de caráter prático. Ouço por aí que eu estou na maior faculdade do Brasil, que meu futuro é brilhante. Dizem que muitos queriam estar onde eu estou, que sou privilegiado...blá blá blá.
Mas tem horas que simplesmente nada faz sentido. É inevitável.
Há um vácuo enorme entre o agir e o ser tal como os defino. Talvez porque somos bombardeados todos os dias com direções de um agir tido como ideal. "Faça isso e será magro!", "faça aquilo e será feliz!", "faça aquiloutro e será bem-sucedido!". E o ser se perde cada vez mais, em meio a um agir confuso e predefinido por tudo e por todos, até por nós mesmos.
Buscamos incessantemente a felicidade e o prazer, através de ações que acreditamos corresponder ao que somos. Mas muitas vezes ignoramos os sentimentos mais primitivos, como aqueles que fazem um olhar ou uma simples risada fazer valer um dia inteiro. Nada mais seria necessário, a não ser deitar e esperar o Sol aparecer de novo. E de novo. E de novo...
Talvez aquela frase, já um tanto passada, faça algum sentido pra alguém.
"Seja você mesmo !"...
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Vem 2009, mas não vai 2008
O ano chega ao fim. Não há mais provas na faculdade. As luzes de natal já começam a dar as caras. Já vejo papais noéis pendurados por entre as janelas dos edifícios, com suas barbas felpudas pobremente confeccionadas surradas pelas chuvas. Alguns já perderam o bigode, outros ficaram carecas.
As propagandas natalinas anunciam mais um final de período. A expansão do crédito impulsionou o consumo.
É tempo de dar presentes, de comer arroz com passas e peru com batatas. Logo menos o estampir das rolhas prenunciará o momento em família. Abraços, beijos, sorrisos. É um momento único, literalmente. Perdi a conta de quantos meses se passaram desde a última vez que vi meus primos. Meus tios então...nem se fala. Mas a digressão acerca da ceia de natal fica pra depois.
O que vem me incomodando é a descontinuidade nesse final de 2008, que pareceu tão curto há pouco tempo atrás, mas agora parece não ter fim. Minha cabeça já está em 2009, arquitetando e maquinando minhas próximas ações, falas, olhares. Logo atrás disso ficou um vazio, um buraco no meio da via. O conserto não sei quando vem.
Esse é o problema com a maldita periodização. Dividir o tempo em períodos, infinitos deles, torna a vida tão metódica e sistemática que eu preciso de uma mudança numérica pra sentir que as coisas vão finalmente se acertar.
Por que não em 2008 ? Porque 2008 é 2008, e já é fim de 2008. Não há mais tempo (e, a propósito, nem condições) de acertar as coisas em 2008.
Mas sem problemas, agora vem 2009! Agora é a chance de fazer acontecer!
Mas pra cair na real é preciso que o Reveillon me renove as forças e me mostre que, independente de ser 2008 ou 2009, ainda me deparo com as mesmas angústias, as mesmas incertezas e as mesmas saudades.
Patético, você há de concordar.
Assuntos pendentes me incomodam e impedem minha cabeça de dar 2008 por encerrado. Espero que eu ache as respostas que procuro, mas que parecem vir de perguntas que ainda nem foram feitas.
As propagandas natalinas anunciam mais um final de período. A expansão do crédito impulsionou o consumo.
É tempo de dar presentes, de comer arroz com passas e peru com batatas. Logo menos o estampir das rolhas prenunciará o momento em família. Abraços, beijos, sorrisos. É um momento único, literalmente. Perdi a conta de quantos meses se passaram desde a última vez que vi meus primos. Meus tios então...nem se fala. Mas a digressão acerca da ceia de natal fica pra depois.
O que vem me incomodando é a descontinuidade nesse final de 2008, que pareceu tão curto há pouco tempo atrás, mas agora parece não ter fim. Minha cabeça já está em 2009, arquitetando e maquinando minhas próximas ações, falas, olhares. Logo atrás disso ficou um vazio, um buraco no meio da via. O conserto não sei quando vem.
Esse é o problema com a maldita periodização. Dividir o tempo em períodos, infinitos deles, torna a vida tão metódica e sistemática que eu preciso de uma mudança numérica pra sentir que as coisas vão finalmente se acertar.
Por que não em 2008 ? Porque 2008 é 2008, e já é fim de 2008. Não há mais tempo (e, a propósito, nem condições) de acertar as coisas em 2008.
Mas sem problemas, agora vem 2009! Agora é a chance de fazer acontecer!
Mas pra cair na real é preciso que o Reveillon me renove as forças e me mostre que, independente de ser 2008 ou 2009, ainda me deparo com as mesmas angústias, as mesmas incertezas e as mesmas saudades.
Patético, você há de concordar.
Assuntos pendentes me incomodam e impedem minha cabeça de dar 2008 por encerrado. Espero que eu ache as respostas que procuro, mas que parecem vir de perguntas que ainda nem foram feitas.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Dias como estes e aqueles
Ontem completei 20 anos de vida. Nada mais clichê e piegas do que escrever sobre a vida na data de aniversário. Porque recordar...recordar é viver. E um viva à cretinice.
Aniversários constituem dias esquisitos. Dias em que as pessoas me tratam de maneira incomum, me abraçam mais, falam coisas diferentes. O costumeiro "bom-dia" dá lugar a um inusitado "parabéns" seguido de um abraço, geralmente mais longo e apertado que os de outros dias.
Os presentes, comuns nos anos dourados da infância, vão escasseando com o avanço da idade. Os que vêm raramente estão empacotados. Não há mais papéis decorados e ornamentos delicadamente preparados.
Os bolos também não dão mais as caras. Brigadeiro, nem de colher. Será que ainda produzem velas ?
O fato de meu aniversário coincidir com o final do ano dá margem a um bom número de reflexões. Repassar as memórias e fazer um balanço do ano é inevitável, um tanto nostálgico, diga-se de passagem.
Objetivos e resultados, projeções e fins, se distorceram totalmente. Já não cabe mais o arrependimento por algo não feito, ou por algo feito. O que se tem é que é presente. Passado e futuro não fazem nada além de ofuscar o presente. E ponto.
Mas...eu falo isso todo fim de ano.
E todo começo de ano eu me apoio nos mesmos sonhos e expectativas. É incrível o fato de, depois de Dezembro, vir Janeiro, e as implicações que essa periodicidade tem sobre minha vida. É o sentimento de renovação, tão necessário numa vida de rotinas e obrigações para com tudo que se possa imaginar e tão sinal da fragilidade da vida humana. Roubo aqui as palavras de um grande professor de literatura do cursinho: a vida é um constante e "eterno retorno do mesmo". Concordo em parte com sua tese, mas isso fica pra outra hora.
Enfim, todo ano é a mesma balela...mas uma coisa decerto merece destaque: o valor inestimável das amizades que construí nesse ano e que ainda tem muito espaço pra crescer. Isso sim é destacável.
20 anos completados e uma barba por fazer. É assim que me sinto nesse fim de texto.
Boa noite.
Ps. não consegui completar o texto a tempo. Esse era pra ser o último post de Novembro...
Mas que droga.
Aniversários constituem dias esquisitos. Dias em que as pessoas me tratam de maneira incomum, me abraçam mais, falam coisas diferentes. O costumeiro "bom-dia" dá lugar a um inusitado "parabéns" seguido de um abraço, geralmente mais longo e apertado que os de outros dias.
Os presentes, comuns nos anos dourados da infância, vão escasseando com o avanço da idade. Os que vêm raramente estão empacotados. Não há mais papéis decorados e ornamentos delicadamente preparados.
Os bolos também não dão mais as caras. Brigadeiro, nem de colher. Será que ainda produzem velas ?
O fato de meu aniversário coincidir com o final do ano dá margem a um bom número de reflexões. Repassar as memórias e fazer um balanço do ano é inevitável, um tanto nostálgico, diga-se de passagem.
Objetivos e resultados, projeções e fins, se distorceram totalmente. Já não cabe mais o arrependimento por algo não feito, ou por algo feito. O que se tem é que é presente. Passado e futuro não fazem nada além de ofuscar o presente. E ponto.
Mas...eu falo isso todo fim de ano.
E todo começo de ano eu me apoio nos mesmos sonhos e expectativas. É incrível o fato de, depois de Dezembro, vir Janeiro, e as implicações que essa periodicidade tem sobre minha vida. É o sentimento de renovação, tão necessário numa vida de rotinas e obrigações para com tudo que se possa imaginar e tão sinal da fragilidade da vida humana. Roubo aqui as palavras de um grande professor de literatura do cursinho: a vida é um constante e "eterno retorno do mesmo". Concordo em parte com sua tese, mas isso fica pra outra hora.
Enfim, todo ano é a mesma balela...mas uma coisa decerto merece destaque: o valor inestimável das amizades que construí nesse ano e que ainda tem muito espaço pra crescer. Isso sim é destacável.
20 anos completados e uma barba por fazer. É assim que me sinto nesse fim de texto.
Boa noite.
Ps. não consegui completar o texto a tempo. Esse era pra ser o último post de Novembro...
Mas que droga.
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