A recente suspensão das atividades da graduação na faculdade deram a esse final de semestre uma súbita sensação de férias antecipadas. A gripe suína (ou gripe A H1N1, para evitar aborrecimentos aos simpatizantes da nomenclatura correta) trouxe algumas piadas infames e virou espetáculo nos grupos de e-mail. Todos agora fingem espirrar e estar enfermos.
Fato é que as provas foram adiadas e tenho agora uma semana perdida no começo de julho pra tentar estudar.
Pois bem. Hoje abri um livro, li cerca de três parágrafos e resolvi alugar um filme. O Curioso Caso de Benjamin Button foi o escolhido na prateleira empoeirada, não havia muito pelo que optar. Do conto de F. Scott Fitzgerald veio o longa de David Fincher. E não, não li o conto primeiro.
Vi o filme sozinho nessa manhã fria de domingo. Me alojei no sofá e, sob as cobertas, confortavelmente enfurnei minha cabeça no travesseiro, apertando o play com um sorriso no rosto. "Ahh..que gostoso estar de férias", me veio à cabeça por um momento.
Pois bem, o filme surpreendeu. Não cheguei a chorar, mas confesso que me sensibilizou um pouco. E fez o domingo ser mais do que um domingo em que a televisão da sala é brindada com a ilustre presença de Fausto Silva.
O fato do filme brincar com o meu conceito de novo e velho, vida e morte e sobretudo com a idéia que tenho de tempo me encantou.
Para seu corpo, o tempo caminhava no sentido reverso. E para sua mente? Benjamin cresceu em meio a pessoas que pareciam com ele fisicamente. Cresceu em meio a muitas histórias. Falas de gente que já tinha vivido décadas. Falas de gente que tinha pouco tempo de vida.
Falas de gente sete vezes atingida por trovões.
"Did I ever tell I've been struck by lightning seven times?", assim dizia Mr. Daws.
Vivo minha vida numa via reta...
Pode ser que hajam curvas, mas sempre estarei andando em frente. Um pé após o outro, num ciclo que em algum momento findará.
Meus aniversários aos poucos vão sendo menos cheios de enfeites e de doces, menos cheios de gente. E os anos vão passando, as experiências vão se acumulando e o corpo vai envelhecendo. Verei aqueles que hoje dividem suas vidas comigo morrerem algum dia. Verei um dia meus pais ficarem doentes, e nesse dia serei eu que irei pro hospital. Serei eu quem apresentará os documentos e cuidará das burocracias. Serei eu que direi "E aí, doutor, é grave?".
Os papéis se inverterão algum dia, mas ainda continuarão sendo os mesmo papéis, com as mesmas rasuras e dobraduras.
Vislumbrado com a questão do tempo, percebi que na verdade estava preocupado com o que faria com esse tempo, com quem passaria as manhãs até o último dia. E, no meio do filme, me dei conta da importância de construir uma família e sentir o tempo passar rodeado daqueles que são importantes pra mim. Aproveitar cada momento, cada fase. Me sentir bem ao envelhecer, me sentir bem sendo pai, depois avô. E ver que depois de tudo que vivi, deixei pra trás um rastro de alegria e felicidade.
Aliás, sempre quis ter uma filha. Uma filha que eu possa levar ao primeiro dia de aula, ensiná-la a andar de bicicleta, dançar uma valsa de 15 anos com ela e vê-la se formar na faculdade. Coisas simples da vida, coisas pequenas do dia-a-dia, mas coisas que tornam essa linha em que vivo infinita, conexa por pontos onde o nó é a morte, na passagem de geração para geração. Onde, quando o meu corpo se for, permaneça a importância e o significado de ter vivido.
Depois de morto, espero ter sido digno o suficiente para merecer de minha filha um lugar nas suas memórias. Espero ter sido digno o suficiente para que um dia ela olhe pra um foto e diga com um brilho nos olhos, "Olha, esse é meu pai!".
"Our lives are defined by its opportunities...even the ones we miss", assim disse Benjamin Button.
Benjamin via seus companheiros de quarto irem aos poucos, enquanto ele apenas começava a escrever sua história. Sempre que alguém morria, chegava outro. Crescer em meio à morte pode ou não trazer à tona o que ela significa. Mas quem sabe o que a morte significa?
"Benjamin, we're meant to lose the people we love. How else would we know how important they are to us?", assim disse Mrs. Maple.
domingo, 28 de junho de 2009
sábado, 20 de junho de 2009
Tendendo ao limite
Mais alguns pensamentos soltos, aos moldes dos escritos da Érica. Gostei de escrever desse jeito.
Aliás, me ocorreu agora que o que estou fazendo pode infringir direitos autorais...
Tem sido difícil manter a serenidade.
Sempre que te vejo, se torna bastante difícil manter a serenidade. Minha intenção era aproveitar cada oportunidade, cada mísero segundo, para tentar fazer as coisas direito, o que não tem se apresentado com facilidade. As palavras me escapam, o raciocínio se confunde, as mãos começar a coçar. Não sei se percebe, aliás. Espero que não.
Na sua presença, sempre procurei fazer aquilo que soasse mais natural. Sempre tentei me adequar àquilo que achava ser o que você esperava. Minhas poucas tentativas parecem ter sempre falhado. Não vejo contrapartida, não vejo retorno. Mas será que tenho que ver algum? Será que devo ser mais paciente? Será o tempo, o problema? Ou ainda, será que estou olhando pro lugar certo?
Talvez deva insistir um pouco mais! Talvez não...sinto me arrepender disso mais pra frente...Então até onde eu posso ir? Até onde posso me arriscar? Também sinto que me arrependerei se nada fizer...No limite, minha fraqueza parece ser maior. Quisera eu ter a determinação e a coragem pra me expor uma vez mais, pra deixar de lado a postura pessimista.
Apesar de assim parecer, ainda não obtive sucesso em digerir aquela conversa de "somos só amigos".
Por que é tão difícil me desvencilhar disso? Por que é tão difícil sentir a liberdade novamente? Por que é tão difícil me despedir de você sem ficar com a impressão de que tinha que ter te falado algo, mas não falei? Você já disse que não se tratava daquilo que eu imaginava. Mas eu insisto em achar que você não quis escrever aquelas palavras. Insisto em querer acreditar que a vela ainda não apagou, que é só proteger um pouco que ela acende de novo. Sim, ainda gosto muito de você e ainda não me convenci de que seguiremos caminhos completamente distintos. E dessa incerteza nasce a esperança. Mas lembremo-nos que da esperança também nasce a frustração...
Tenho criado o hábito de diariamente reparar a minha máscara, que tem se desgastado com facilidade nos últimos tempos. E confesso que já estou cansando. Não quero mais usá-la, preciso respirar ar puro, preciso sentir o vento bater no rosto. Nem que para isso tenha que tirá-la à força. Pode sangrar um pouco, mas depois cicatriza, sem grandes problemas. Afinal de contas, a vida continua e sempre continuará, de um jeito ou de outro.
Aliás, me ocorreu agora que o que estou fazendo pode infringir direitos autorais...
Tem sido difícil manter a serenidade.
Sempre que te vejo, se torna bastante difícil manter a serenidade. Minha intenção era aproveitar cada oportunidade, cada mísero segundo, para tentar fazer as coisas direito, o que não tem se apresentado com facilidade. As palavras me escapam, o raciocínio se confunde, as mãos começar a coçar. Não sei se percebe, aliás. Espero que não.
Na sua presença, sempre procurei fazer aquilo que soasse mais natural. Sempre tentei me adequar àquilo que achava ser o que você esperava. Minhas poucas tentativas parecem ter sempre falhado. Não vejo contrapartida, não vejo retorno. Mas será que tenho que ver algum? Será que devo ser mais paciente? Será o tempo, o problema? Ou ainda, será que estou olhando pro lugar certo?
Talvez deva insistir um pouco mais! Talvez não...sinto me arrepender disso mais pra frente...Então até onde eu posso ir? Até onde posso me arriscar? Também sinto que me arrependerei se nada fizer...No limite, minha fraqueza parece ser maior. Quisera eu ter a determinação e a coragem pra me expor uma vez mais, pra deixar de lado a postura pessimista.
Apesar de assim parecer, ainda não obtive sucesso em digerir aquela conversa de "somos só amigos".
Por que é tão difícil me desvencilhar disso? Por que é tão difícil sentir a liberdade novamente? Por que é tão difícil me despedir de você sem ficar com a impressão de que tinha que ter te falado algo, mas não falei? Você já disse que não se tratava daquilo que eu imaginava. Mas eu insisto em achar que você não quis escrever aquelas palavras. Insisto em querer acreditar que a vela ainda não apagou, que é só proteger um pouco que ela acende de novo. Sim, ainda gosto muito de você e ainda não me convenci de que seguiremos caminhos completamente distintos. E dessa incerteza nasce a esperança. Mas lembremo-nos que da esperança também nasce a frustração...
Tenho criado o hábito de diariamente reparar a minha máscara, que tem se desgastado com facilidade nos últimos tempos. E confesso que já estou cansando. Não quero mais usá-la, preciso respirar ar puro, preciso sentir o vento bater no rosto. Nem que para isso tenha que tirá-la à força. Pode sangrar um pouco, mas depois cicatriza, sem grandes problemas. Afinal de contas, a vida continua e sempre continuará, de um jeito ou de outro.
terça-feira, 16 de junho de 2009
Onegaishimasu
Toda semana, em dias alternados, colocava meus pés no tatami.
"Onegaishimasu" era a palavra que proferia ao adentrar no dojo. Sempre que abria a portinha, ajeitava meus pés de modo a direcioná-los para frente e de modo que ficassem juntos. Calmamente, reverenciava os kami, tomando o cuidado de manter o olhar direcionado para o chão.
Me lembro da fonte e do calmo som da água caindo nas pedras. Os trófeus dos outros sensei enchiam o ambiente de grandeza e brilho. As espadas davam o ar militar, enquanto os ningyo, os bonecos feitos de conchas do mar moídas e cola, representando figuras femininas davam o ar sutil e confortante.
As gravuras shodo, a música meditativa honkyoku e o mini-jardim zen, tudo transformava o ambiente num pedaço do Japão. Tudo criava, uno e separadamente, um ambiente harmônico, pacífico, pleno.
"Domo arigatou gozaimashita, doshi-sama" eram as palavras que proferia ao retirar-me do dojo. Mais uma vez, ajeitava meus pés e reverenciava os kami, mantendo o olhar direcionado para o chão. E ia embora pra casa, com a sensação de dever cumprido.
Desde que iniciei a prática do Zenjutsu, arte marcial que resgata os valores dos antigos guerreiros samurai, tenho me apegado muito ao Japão e a seu passado. O modo de encarar a vida dos japoneses na antiguidade me fascina, me seduz, me intriga. Para tudo há uma resposta, mas que não deve ser evidenciada, ou tampouco procurada. Os caminhos, ou do, na terminologia japonesa, seriam os meios pelos quais o homem transcende a vida cotidiana dentro dela mesma. Não entendo em profundidade a essência do do, apenas tenho uma vaga noção.
Iniciei meus estudos, por assim dizer, no budo (ou caminho marcial). Nas paredes do dojo estavam representadas as 8 virtudes do guerreiro: honra, coragem, cortesia e polidez, sinceridade, humildade, dever e lealdade, compaixão, honestidade e justiça. Exercitávamos esses valores todos os dias, onde e com quem quer que fosse.
Era nos dias de frio, quando treinávamos descalços, portando somente uma vestimenta semi-aberta, que vía como aquilo tinha significado. Era preciso despir-se de frescuras e preconceitos. Se estava frio, estava frio, e nada além disso.
Me recordo certa feita quando, também num dia de frio (aliás fazia 7°C), o sensei propôs um aquecimento somente com respiração. "Está doido", eu muito erradamente concluí. Bastaram alguns minutos de respiração cadenciada e bem conduzida para minhas mãos começarem a suar. Senti minhas pernas esquentarem e meus pulmões se encherem vigorosos, parecia ter acabado de acordar de uma boa noite de sono, tamanha a energia que sentia.
Jamais havia sentido nada parecido.
Lembro dos shugyo, os treinos intensos de 2 horas, que fazíamos uma vez por mês. O preparo psicológico já começava antes mesmo de entrarmos no tatami. O objetivo era a exaustão física e a transposição dos limites. Repetíamos exaustivamente séries e mais séries de exercícios, até o corpo dizer que não aguentava mais. Em um desses treinos, senti que minha perna direita não servia mais pra nada, não sustentava nem minha cabeça.
"Sensei...não dá mais...não consigo mais chutar com essa perna."
"Seu corpo aguenta. Mas a questão é se sua mente pode aguentar."
E o corpo aguentava. A questão era realmente minha mente, onde meu ego colocava barreiras a ele mesmo.
No final desses treinos, com o corpo já bastante moído, fazíamos um exercício de meditação, ao som de flautas e ao aroma de incensos.
Com o corpo destruído, treino após treino me sentia cada vez mais leve. Me livrava de angústias, de preocupações e medos. E restava apenas o vazio, a mente limpa, como a superfície de uma lagoa na calmaria.
Hoje não treino mais as técnicas de combate, embora pretenda voltar. Muito do que aprendi lá foi decisivo no meu processo de entrar na faculdade.
E agora?
Cá estou, estudando ciências econômicas, tentando entender porque o consumidor escolhe x do bem 1 e y do bem 2, dada sua função utilidade Cobb-Douglas, com homogeneidade de grau 1. Parece que é só um problema de maximização com Lagrangiano...
Meu Deus....Será esse mesmo o caminho que escolhi pra mim? Será esse o único caminho que posso seguir de agora em diante?
Sinto que abdiquei de algo que não deveria ter abdicado, por mais que não entendesse do zen e abstraísse superficialmente os códigos do bushido e de todo aquele papo de "iluminação" e "conheça a ti mesmo". O respeito mútuo naquele dojo era algo que não encontrei em nenhum outro lugar. O sentido que aquele nome tinha e o peso da presença do sensei eram inexplicáveis.
Sinto falta das pessoas, da música, do bancha depois dos treinos, do barulinho da água...
Sinto falta de voltar pra casa e sentir o corpo cansado e o vazio. O corpo cansado que me fazia aproveitar um banho e o vazio que me fazia dormir com um sorriso no rosto e com paz na cabeça.
"É preciso buscar o equilíbrio", assim dizia meu sensei.
"Hoje, seu maior adversário é você mesmo. Use o que você aprendeu aqui para se tornar uma pessoa melhor e tornar melhor a vida daqueles que te rodeiam. Diante de uma injustiça, não se omita. Diante de um objetivo, não hesite. Diante de um sentimento, não despreze. Diante de quem quer que seja, respeite."
"Onegaishimasu" era a palavra que proferia ao adentrar no dojo. Sempre que abria a portinha, ajeitava meus pés de modo a direcioná-los para frente e de modo que ficassem juntos. Calmamente, reverenciava os kami, tomando o cuidado de manter o olhar direcionado para o chão.
Me lembro da fonte e do calmo som da água caindo nas pedras. Os trófeus dos outros sensei enchiam o ambiente de grandeza e brilho. As espadas davam o ar militar, enquanto os ningyo, os bonecos feitos de conchas do mar moídas e cola, representando figuras femininas davam o ar sutil e confortante.
As gravuras shodo, a música meditativa honkyoku e o mini-jardim zen, tudo transformava o ambiente num pedaço do Japão. Tudo criava, uno e separadamente, um ambiente harmônico, pacífico, pleno.
"Domo arigatou gozaimashita, doshi-sama" eram as palavras que proferia ao retirar-me do dojo. Mais uma vez, ajeitava meus pés e reverenciava os kami, mantendo o olhar direcionado para o chão. E ia embora pra casa, com a sensação de dever cumprido.
Desde que iniciei a prática do Zenjutsu, arte marcial que resgata os valores dos antigos guerreiros samurai, tenho me apegado muito ao Japão e a seu passado. O modo de encarar a vida dos japoneses na antiguidade me fascina, me seduz, me intriga. Para tudo há uma resposta, mas que não deve ser evidenciada, ou tampouco procurada. Os caminhos, ou do, na terminologia japonesa, seriam os meios pelos quais o homem transcende a vida cotidiana dentro dela mesma. Não entendo em profundidade a essência do do, apenas tenho uma vaga noção.
Iniciei meus estudos, por assim dizer, no budo (ou caminho marcial). Nas paredes do dojo estavam representadas as 8 virtudes do guerreiro: honra, coragem, cortesia e polidez, sinceridade, humildade, dever e lealdade, compaixão, honestidade e justiça. Exercitávamos esses valores todos os dias, onde e com quem quer que fosse.
Era nos dias de frio, quando treinávamos descalços, portando somente uma vestimenta semi-aberta, que vía como aquilo tinha significado. Era preciso despir-se de frescuras e preconceitos. Se estava frio, estava frio, e nada além disso.
Me recordo certa feita quando, também num dia de frio (aliás fazia 7°C), o sensei propôs um aquecimento somente com respiração. "Está doido", eu muito erradamente concluí. Bastaram alguns minutos de respiração cadenciada e bem conduzida para minhas mãos começarem a suar. Senti minhas pernas esquentarem e meus pulmões se encherem vigorosos, parecia ter acabado de acordar de uma boa noite de sono, tamanha a energia que sentia.
Jamais havia sentido nada parecido.
Lembro dos shugyo, os treinos intensos de 2 horas, que fazíamos uma vez por mês. O preparo psicológico já começava antes mesmo de entrarmos no tatami. O objetivo era a exaustão física e a transposição dos limites. Repetíamos exaustivamente séries e mais séries de exercícios, até o corpo dizer que não aguentava mais. Em um desses treinos, senti que minha perna direita não servia mais pra nada, não sustentava nem minha cabeça.
"Sensei...não dá mais...não consigo mais chutar com essa perna."
"Seu corpo aguenta. Mas a questão é se sua mente pode aguentar."
E o corpo aguentava. A questão era realmente minha mente, onde meu ego colocava barreiras a ele mesmo.
No final desses treinos, com o corpo já bastante moído, fazíamos um exercício de meditação, ao som de flautas e ao aroma de incensos.
Com o corpo destruído, treino após treino me sentia cada vez mais leve. Me livrava de angústias, de preocupações e medos. E restava apenas o vazio, a mente limpa, como a superfície de uma lagoa na calmaria.
Hoje não treino mais as técnicas de combate, embora pretenda voltar. Muito do que aprendi lá foi decisivo no meu processo de entrar na faculdade.
E agora?
Cá estou, estudando ciências econômicas, tentando entender porque o consumidor escolhe x do bem 1 e y do bem 2, dada sua função utilidade Cobb-Douglas, com homogeneidade de grau 1. Parece que é só um problema de maximização com Lagrangiano...
Meu Deus....Será esse mesmo o caminho que escolhi pra mim? Será esse o único caminho que posso seguir de agora em diante?
Sinto que abdiquei de algo que não deveria ter abdicado, por mais que não entendesse do zen e abstraísse superficialmente os códigos do bushido e de todo aquele papo de "iluminação" e "conheça a ti mesmo". O respeito mútuo naquele dojo era algo que não encontrei em nenhum outro lugar. O sentido que aquele nome tinha e o peso da presença do sensei eram inexplicáveis.
Sinto falta das pessoas, da música, do bancha depois dos treinos, do barulinho da água...
Sinto falta de voltar pra casa e sentir o corpo cansado e o vazio. O corpo cansado que me fazia aproveitar um banho e o vazio que me fazia dormir com um sorriso no rosto e com paz na cabeça.
"Hoje, seu maior adversário é você mesmo. Use o que você aprendeu aqui para se tornar uma pessoa melhor e tornar melhor a vida daqueles que te rodeiam. Diante de uma injustiça, não se omita. Diante de um objetivo, não hesite. Diante de um sentimento, não despreze. Diante de quem quer que seja, respeite."
quarta-feira, 10 de junho de 2009
"Amores"
Há um blog que considero merecedor de destaque, Giramundo e Girassol (o link está ao lado). Érica, a autora desses escritos, é minha conhecida há pouco tempo. Seus textos...eu diria que são...universais. Há uma altíssima probabilidade de que haja identificação pessoal com o que ela escreve, em maior ou menor grau.
Seu último, Amores, me incitou algumas boas reflexões, algumas noites mal-dormidas e voltas pra casa introspectivas. Em poucos dias, me revirou muitos pensamentos.
A poesia é decorrência natural da forma e do conteúdo - atente o leitor à quase onipresença de parágrafos únicos.
Me aproprio dessa poesia para fazer minha própria versão - muito mais modesta, hei de adiantar. Vejamos no que dá uma mistura de pensamentos soltos, sentimentos presos, ideias confusas, vontades e desejos, traduzidos no título mesmo.
Dos Amores e suas Desconstruções
Parei para pensar em como sua presença se tornou algo importante para mim. Me acostumei com as conversas nos banquinhos, regadas a risadas e comentários soltos. Nos falamos poucas vezes só nós dois, é verdade, mas talvez seja por falta de oportunidade, ou assim quer crer meu ego. Talvez tenha te idealizado um pouco, talvez tenha te dado muita importância, mas isso já perdeu qualquer relevância que porventura tivesse. Embora tenha já passado pela turbulência dos primeiros passos, voltei forçadamente a engatinhar, me apoiando sobre frágeis joelhos, tremendo para não cair. Mas te digo, me chame pra jantar na sua casa, nem que seja miojo e goiabada. Me chame pra te ajudar no trabalho da faculdade, nem que seja pra fazer ditado. Me abrace, pra eu me sentir protetor e me dê uma risada pra eu me sentir completo. Deixa eu sentir sua respiração de perto e sua voz falando baixo, quase sussurrando. Ainda que discuta política monetária e teoria do valor com meus companheiros de bar, perto de você viro uma criança, pronta pra sorrir diante de uma careta ou pra se acabar em piadas prontas.
Me encante com seu jeito divertido, seu sorriso verdadeiro e seu olhar profundo e penetrante. Sua beleza é para mim um refúgio e sua voz é um calmante. Seu cheiro desconheço, nunca consegui roubar por alguns instantes alguma peça de roupa tua. Sua pele, um vago ideal no meu imaginário, nem sequer uma lembrança.
Diga o que quer, que te darei tudo que tenho. Diga que me quer, que te direi que te quero. Diga que me ama, que não direi mais uma palavra. E aproveitemos esse sopro de felicidade enquanto ele durar e enquanto ainda é tempo, pois o futuro é incerto e o passado é certo demais.
E se nada disso fizer, me deixe ao menos pensar em você e lembrar do dia em que, talvez, as coisas pudessem ter sido diferentes.
Seu último, Amores, me incitou algumas boas reflexões, algumas noites mal-dormidas e voltas pra casa introspectivas. Em poucos dias, me revirou muitos pensamentos.
A poesia é decorrência natural da forma e do conteúdo - atente o leitor à quase onipresença de parágrafos únicos.
Me aproprio dessa poesia para fazer minha própria versão - muito mais modesta, hei de adiantar. Vejamos no que dá uma mistura de pensamentos soltos, sentimentos presos, ideias confusas, vontades e desejos, traduzidos no título mesmo.
Parei para pensar em como sua presença se tornou algo importante para mim. Me acostumei com as conversas nos banquinhos, regadas a risadas e comentários soltos. Nos falamos poucas vezes só nós dois, é verdade, mas talvez seja por falta de oportunidade, ou assim quer crer meu ego. Talvez tenha te idealizado um pouco, talvez tenha te dado muita importância, mas isso já perdeu qualquer relevância que porventura tivesse. Embora tenha já passado pela turbulência dos primeiros passos, voltei forçadamente a engatinhar, me apoiando sobre frágeis joelhos, tremendo para não cair. Mas te digo, me chame pra jantar na sua casa, nem que seja miojo e goiabada. Me chame pra te ajudar no trabalho da faculdade, nem que seja pra fazer ditado. Me abrace, pra eu me sentir protetor e me dê uma risada pra eu me sentir completo. Deixa eu sentir sua respiração de perto e sua voz falando baixo, quase sussurrando. Ainda que discuta política monetária e teoria do valor com meus companheiros de bar, perto de você viro uma criança, pronta pra sorrir diante de uma careta ou pra se acabar em piadas prontas.
Me encante com seu jeito divertido, seu sorriso verdadeiro e seu olhar profundo e penetrante. Sua beleza é para mim um refúgio e sua voz é um calmante. Seu cheiro desconheço, nunca consegui roubar por alguns instantes alguma peça de roupa tua. Sua pele, um vago ideal no meu imaginário, nem sequer uma lembrança.
Diga o que quer, que te darei tudo que tenho. Diga que me quer, que te direi que te quero. Diga que me ama, que não direi mais uma palavra. E aproveitemos esse sopro de felicidade enquanto ele durar e enquanto ainda é tempo, pois o futuro é incerto e o passado é certo demais.
E se nada disso fizer, me deixe ao menos pensar em você e lembrar do dia em que, talvez, as coisas pudessem ter sido diferentes.
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